Primeiramente, devo agradecer o excelente trabalho
jornalístico que as emissoras prestaram essa manhã ao saberem do ocorrido em
Santa Maria, foram extremamente eficientes.
Parece uma guerra, mas essa é uma guerra que já entramos
depois do fim, os derrotados somos nós, não há o que fazer.
Mais de duzentas pessoas hoje não vão no Parcão tomar um chimarrão
com os amigos, aquela cerveja no bar, com o amigo de infância que tinha ficado
pra amanhã, o churrasco da família, tudo agora é muito fútil, até os sorrisos,
palavras já não são mais nada, não riram, e nem mais rirão.
Acordei e liguei a TV, havia um pai falando, eu não sabia o
que estava acontecendo, quando li o rodapé do enunciado da reportagem e dizia “pai
de sobrevivente”, depois ouvi dizer que
a Federação Gaúcha de Futebol cancelou a rodada de jogos, pensei numa tragédia,
um ônibus, algo assim, um número grande de vítimas, não sei, uns cinquenta
talvez....
Eram jovens como eu, junto com os eles, filhos, sobrinhos e
netos que se foram, foram-se sonhos, sonhos iguais aos meus. Os meus sonhos, gente
nova, gente promissora, e mesmo que não fossem. Apagamos o fogo com vidas, com
sonhos e com sorrisos, era uma festa qualquer, festas assim acontecem todo
dia... UM PEDAÇO DE CADA JOVEM, AO MENOS SENSATO, MORREU HOJE. Se servissem de
consolo as famílias, ao menos, nosso eterno sentimento, nosso luto. Hoje aqui no
Rio Grande do Sul, o céu de domingo não estava azul, e a chuva virou lágrima.
Essa mistura de tragédia com sonhos, hoje, me fez pensar
seriamente em valores, me fez pensar muito na vida.
Pensei que assim aconteceria, mas me deparei com piadas,
muitas brincadeiras sem graça, ridículas, houve um nordestino que falou: “Não
tem tanta água aí? Por que não apagaram o incêndio?” Outra guria também disse: “Vocês
não amam churrasco? Agora tem um monte!”. Pois bem, se não por bom senso, pelo
menos calem a boca por agradecimento, pois são sustentados por estados como o
nosso, que paga mais tributos do que recebe investimentos do Estado, lógico que
são poucos os que deixam assim tão ruim a imagem dos brasileiros, mas por
favor, tenham vergonha do ser humano que são,
ou melhor, do ser humano que não são!
Fica o apelo, não só por hoje, mas vejamos o que estamos
fazendo consigo mesmo, virem gente! Ninguém sabe o dia de amanhã!
Quero deixar no fim desse texto meus sentimentos a todas as
vítimas da tragédia em Santa Maria e os parabéns aos gaúchos e também aos
brasileiros, que são incrivelmente caridosos e que prestando uma ajuda
indispensável a todos os parentes de vítimas.
Lucas Santos, o dia não interessa.